No século XX, só havia uma escola privada em Macau. A escola manteve-se aberta ao longo de 78 anos sem o apoio da Igreja e das associações locais. Formou talentos para a sociedade e contribuiu de forma significativa para a educação de Macau.
I. Origem de Lai Kuan: Determinação na época de turbulência

Imagem 1. Filial da Escola Lai Kuan
(Fonte: Chan Chi Fong: Álbum da História da Educação de Macau (《澳門教育史料展圖集》), p. 198)
A Reitora Wu Jimeng (1895-1973) foi a fundadora da Escola Privada de Lai Kuan de Macau e era natural de Zhongshan, Província de Guangdong. Nascida no final da Dinastia Qing, viveu os primeiros anos na República da China, o seu pai era um comerciante e sua família muito rica. Podemos imaginar as grandes mudanças que ela viveu quando era jovem sob duas perspectivas: por um lado, a obediência às tradições familiares e, por outro, a germinação de novas ideias na sua cabeça. De acordo com a tradição secular chinesa, os seus pés foram enfaixados quando era criança e só mais tarde “libertados”, o que reflecte os valores tradicionais da sua família muito conservadora, aliás como era usual naquela época. Só no final da Dinastia Qing é que a voz da oposição ao enfaixamento dos pés das jovens raparigas começou a ser bastante forte. Pessoas como Kang Youwei e Liang Qichao organizaram a “Associação contra o enfaixamento dos pés” e mesmo a Imperatriz Cixi aconselhou o povo da etnia Han a parar com este costume da época. Do ponto de vista das novas ideias, embora Wu Jimeng tenha nascido numa vila perto do mar, ela teve a oportunidade de receber uma boa educação durante o seu crescimento, pois o seu professor foi discípulo de Kang Youwei. Desta forma Wu foi inspirada pelas ideias de uma nova corrente de pensamento e até os seus pais aderiram rapidamente a esta abertura de novas ideias. Naqueles tempos de turbulência, as pessoas das zonas urbanas e rurais tinham de ter uma disponibilidade para "virar bruscamente" a cabeça, ou seja, mudar de ideias rapidamente.

Imagem 2. A Reitora Wu Jimeng
Em 1912, quando tinha 17 anos de idade, era ainda uma rapariga jovem, a Reitora Wu Jimeng já manifestava interesse por tudo o que tinha a ver com educação e criou uma escola privada na aldeia de Shanchang (agora pertence à cidade de Zhuhai). Ao mesmo tempo que ensinava ela também aprendia. A escola ensinava as meninas a bordar, a ler e a escrever. Um dia, um idoso aconselhou-a a ir para Macau e iniciar ali uma escola. Ela pensou nisso e saiu de Shangchang para Macau. Ao princípio, depois da sua chegada a Macau, ensinou na Escola Confucionista durante vários anos (a Escola Confucionista foi criada em 1913 e começou a funcionar em 1914 e julga-se que Wu terá chegado a Macau depois de 1914). Em 1923, a sua escola estava já a funcionar em Macau e ficou instalada no 2º andar, Nº 7 da Rua do Tarrafeiro/Rua dos Colonos.

Imagem 3. Primeiro prédio da Escola Lai Kuan na Rua dos Colonos
No mesmo ano em que foi criada a Escola Lai Kuan também se criaram a Escola Primária de Hanwen (1923-1970) e a Escola Primária de Taoying (1923-1965). De facto, após a rebelião do Movimento Yihetuan ocorrido na China Continental no final da Dinastia Qing, a situação social sofreu grandes convulsões. Macau, com um ambiente político único foi sempre um lugar para onde as pessoas fugiam, procurando uma vida melhor. Com o aumento súbito da população o número de alunos aumentou e houve necessidade de criar mais escolas para responder à procura dos pais com filhos em idade escolar, de modo que muitas pessoas com boa visão do futuro resolveram construir novas escolas para responder a essa necessidade. A Reitora Wu Jimeng abriu a sua escola em 1923, o que ficou intimamente ligado a um grande evento social que ocorreu em Macau naquele altura, pois de acordo com registos históricos de Macau o incidente do "29 de Maio" teve lugar em 1922 por motivos relacionados com uma disputa laboral. Efectivamente, os trabalhadores protestaram no dia 1 de Maio e no dia 28 de Maio um soldado colonial, natural de Moçambique, tomou certas liberdades com mulheres chinesas e agrediu chineses que depois o perseguiram, situação esta que provocou mais um grave conflito social em Macau. Assim, no dia a seguir, a 29 de Maio toda a cidade estava em estado de sítio e mais de dez mil pessoas cercaram os Serviços de Segurança, tendo a polícia de abrir fogo contra a multidão. Muitos civis foram mortos ou feridos. O Governo português de Macau demitiu os funcionários públicos que tinham participado na greve, fechou 68 sindicatos e proibiu mais manifestações. O Governo de Guangdong negociou com o Governo de Macau e no ano seguinte o Dr. Rodrigo José Rodrigues assumiu o cargo de novo Governador de Macau, tendo apresentado condolências às famílias dos falecidos. De seguida tentou reatar as relações com as associações e os funcionários públicos locais. Os soldados envolvidos foram punidos e deu ordens para retirar o exército africano de Macau. Desta forma, conseguiu acalmar a situação social vivida no Território. Depois de presenciar esta luta social, a Sra. Wu continuou decidida em estabelecer uma escola em Macau para que mais crianças chinesas tivessem a oportunidade de receber educação. Foi nesta altura que surgiu em Macau a Escola Lai Kuan .
II. Mudança do campo escolar: soa a voz de leitura
A Escola foi criada em 1923 por Wu Jimeng. Era uma instituição privada como a escola de Shanchang. Em 1927, a Escola foi registada nos Serviços de Administração Civil do Governo Português de Macau com o nome “Escola Primária Privada das Mulheres Chinesas de Lai Kuan”. Nos primeiros 2 anos, a Escola apenas recebeu raparigas como alunas e os principais cursos eram de alfabetização, bordados, chinês tradicional, os Analectos de Confúcio, a Escritura da Piedade Filial Feminina, entre outros. A partir do terceiro ano, a Escola começou a receber alunos do sexo masculino e o nome foi alterado para “Escola Primária de Lai Kuan”. Na época em que se situava na Rua dos Colonos, a Escola apenas tinha pouco mais de dez alunos mas depois o número de alunos aumentou sempre em cada ano: em 1925 já eram 40 alunos, mais de 50 em 1926, em 1927 mais de 70 e em 1928 mais de 90.

Imagem 4. Professores e Alunos no Aniversário de Confúcio em 1925

Imagem 5. Professores e Alunos no Aniversário de Confúcio em 1926

Imagem 6. Professores e alunos em 1928
Nas décadas de 30 e 40 do séc. passado, devido à Segunda Guerra Sino-Japonesa chegaram a Macau muitos refugiados e, consequentemente, a população de Macau aumentou bastante assim como o número de alunos. Além das crianças da zona perto do Tarrafeiro também as crianças das famílias ricas da cidade frequentavam esta Escola. Com um número de alunos já suficiente, a Escola decidiu abrir uma filial na Travessa da Palanchica, nº 2. Em 1959, devido ao aumento repentino do número de alunos para várias centenas, a Escola mudou-se para o prédio no Nº 9 da Praça de Luís de Camões. Este edifício era uma casa do estilo ocidental com um bonito jardim cheio de flores e árvores. No Verão, os alunos estavam muito interessados na fruta romã vermelha e muitas vezes se reuniam em grupos sob as árvores para apreciar os seus frutos. Em comparação com o prédio chinês, situado na Rua dos Colonos, é natural que os alunos nos seus tempos livres se divertissem mais nesta Escola que tinha um jardim.

Imagem7. Filial da Escola na Travessa da Palanchica
À medida que gradualmente aumentava o número de alunos, a Sra. Wu comprou em 1962 as casas mais próximas da filial da Escola, os números 5 e 7 e transformou-as em prédios escolares. Assim, a Escola situava-se junto à mansão do rico comerciante Huang Yuqiao. Em 1966, fizeram-se grandes obras de reconstrução, tendo sido demolidas as casas e construídos dois prédios escolares de três andares cada um. O campus era ainda maior e podia receber mais alunos. Ainda naquela época fizeram-se melhorias ao prédio escolar n.º 9º que tinha sido alugado. Atrás dos novos prédios escolares havia uma longa escadaria em pedra e no fim da escadaria havia um grande campo de recreio com árvores de plumeria com cem anos, florestas de bambu e um poço. Todos os dias, nos intervalos de descanso, os alunos mais velhos iam para o poço e puxavam longas cordas a traçar o carretel para elevar os baldes com água, parecia que estavam a fazer jogos de corda. Depois, cada aluno ficava com o pote de água que tinha puxado do poço para regar a floresta de bambu e as árvores. Eis a paisagem atraente deste campus: havia uma floresta de bambu que antes de ser removida se situava ao lado de uma sala de aula do 5º ano. Quando fazia chuva e vento, a leitura em voz alta dos alunos misturava-se com os sons do vento e da chuva.

Imagens 8-10 Apresentação de alunos da Associação de Águia a tocarem harmonica (esquerda)
Os alunos vencedores do Concurso de Discurso de 1946 (meio)
Os alunos vencedores do Concurso de Caligrafia de Macau de 1947 (direita)


III. Incentivar os alunos: actualização do ensino
Desde o ano da sua inauguração que a Escola Lai Kuan foi sempre bem sucedida no ensino e ganhou a confiança dos pais. A educação tradicional chinesa coloca maior ênfase no ensino dos valores morais. A Escola tinha uma ética rigorosa e o seu objectivo era ensinar a moral e a sabedoria do povo. O nome da Escola tinha um profundo significado: "incentivar as pessoas". Além de ensinar a praticar a auto-estima também ensinava os alunos a colocarem-se no lugar de outro. Ouviam-se as suas orientações quase todos os dias. A maioria dos alunos vinha das comunidades das classes média e baixa que viviam nas proximidades da Escola. Todos os alunos apreciavam a oportunidade de poder estudar e respeitavam muito a Reitora da Escola. Com o passar do tempo, depois de a Escola passar de uma escola privada tradicional para uma escola mais moderna, as aulas começaram a ser dadas conforme o nível escolar dos alunos e havia um horário de estudo fixo para cada dia. O conteúdo das disciplinas era igual ao de outras escolas e o ensino em Macau foi enriquecido pelo facto de ter acompanhado a Reforma da Educação da China Continental que estava a ser gradualmente melhorada. É interessante saber que em 1934 as disciplinas ensinadas pela Escola Primária de Lai Kuan eram já consideradas bastante modernas para aquela altura. Além do ensino do bordado, havia o ensino da auto-estima, do chinês, dos textos clássicos chineses e das disciplinas de história, geografia, mandarim, sociedade e natureza, aritmética, inglês, belas-artes e, ainda, se ensinava a cantar. A disciplina do chinês incluía uma ampla gama de conteúdos: textos clássicos, argumentos, caracteres, poesias, léxicos, instruções, composição, cartas, caligrafia, etc. Os cursos do ensino médio de hoje em dia têm muito menos disciplinas do que naquele tempo. Mesmo até os alunos universitários vão provavelmente ser surpreendidos se olharem para as disciplinas que se ensinavam naquele tempo e vão ficar envergonhados. A disciplina de aritmética incluía o cálculo escrito e o cálculo com ábaco, assim ensinava-se os alunos a "usar o ábaco com a mão esquerda e escrever com a mão directa" para obterem maior capacidade de ganhar a vida e trabalhar. Mais tarde, juntou-se a disciplina do desporto e também muitas outras actividades extracurriculares na área das artes, como o discurso, o teatro, a caligrafia, a música, etc. O que se aprende no ensino primário das escolas de hoje é muito menos do que aquilo que era ensinado nas escolas do início do século passado. Mas tudo se acrescenta passo a passo.

Imagem 11. Anúncio da Escola em 1934
Em 1962, a Escola Lai Kuan abriu o ensino secundário que foi dirigido pelo seu filho, Wu Yukun. Wu Yukun (1935) foi adoptado pela Sra. Wu quando era um menino de pouca idade. Depois de estudar na Escola Lai Kuan e no Colégio Yuet Wah entrou na Faculdade de Física da Universidade de Sun Yat-Sen em Guangzhou, onde fez a sua licenciatura, e regressou a Macau para auxiliar a sua mãe na administração da Escola e no ensino das disciplinas de matemática e física. Como uma pessoa que cresceu noutros tempos, a Sra. Wu não tinha total confiança na educação ocidental e questionava a capacidade académica dos licenciados daquela época: "será que A’ping (apelido de Wu Yukun) tem capacidade suficiente?" No entanto, ela ainda o encorajou a iniciar uma carreira diferente. Claro que o desempenho subsequente de Wu Yukun fê-la sentir-se mais confortável e entregou-lhe a administração da Escola. O curso do ensino secundário incluía todas as disciplinas necessárias como matemática, física, química, animais e plantas.

Imagem 12 Anúncio do Curso de Verão de 1966
Já nesta altura, o ensino da Escola Lai Kuan correspondia ao tipo de ensino da era moderna e às necessidades da sociedade de Macau e até se desenvolveu ainda mais. Depois de iniciar o curso do ensino secundário em 1962, o número de alunos na Escola subiu para 1.600 e foi um período de pico. No entanto, devido à falta de professores do ensino secundário o curso só durou 13 anos, até 1977, mas o ensino primário manteve-se. De acordo com a informações de "Baidu", em 1992 havia 1.360 alunos que frequentavam o ensino primário e o jardim de infância da Escola Lai Kuan.

Imagens 13-14 Emblema da Escola Lai Kuan



Imagens 15-16 6ºs Graduados do Ensino Secundário e 38ºs Graduados do Ensino Primário(acima)、7ºs Graduados do ensino secundário e 39ºs do ensino primário (abaixo)
IV: Insistência na crença: manter o objectivo de educação
Nos anos anteriores à década 80 do século passado, a falta de professores para o regular funcionamento das escolas era um problema real em Macau. Embora o Colégio de São Paulo se tenha estabelecido em Macau em 1594, o que é um facto é que até ao estabelecimento da Universidade da Ásia Oriental em 1981 não havia em Macau ensino superior. Embora existisse um curso de formação para professores em Macau, o que acontecia é que após a licenciatura eles trocavam de percurso profissional ou deixavam Macau e as escolas ficavam sem professores. Os professores de Macau vinham da China Interior ou de Hong Kong mas também havia estudantes universitários que regressavam da China Interior ou de Taiwan para serem professores em Macau. Na década de 70 e de 80 do passado século, os professores das escolas privadas de Macau muitas vezes mudavam de emprego e poucos professores jovens ficavam para dar aulas.
Após 1936, no período da Segunda Guerra Sino-Japonesa, muitas escolas de Guangzhou mudaram para o sul do país devido à guerra. Macau era conhecido por ter nessa altura escolas de prestígio e, como tal, muitos professores bem conhecidos fugiram para aqui, incluindo a Dra. Leong Pek Ha (1897-1992), treinadora de vários desportos e de escoteiros.

Imagem 17.A Reitora Wu Jimeng e a Dra. Leong Pek Ha
Leong formou-se no Instituto Profissional do Desporto de Guangzhou e era treinadora especializada em actividades dos escoteiros. Em 1938, a Dra. Leong veio para Macau para fugir da guerra e, embora outras escolas lhe tenham acenado para lhe oferecer um cargo, decidiu integrar a Escola Lai Kuan. Depois disso, permaneceu na Escola mais de 50 anos e veio a falecer em 1992, aos 95 anos.

Imagens18-20 A Dra. Leang Pek Ha a dirigir os escoteiros num desfile (esquerda)
Grupo completo de escoteiros (meio)
Um desfile de escoteiros (direita)


Apesar de ser mulher, sempre se vestiu como um homem. Embora a apelidassem de "dama masculina", os alunos respeitavam-na muito e tinham até um certo medo dela. Quando dava aulas de desporto pegava num chicote de videira e ensinava os alunos a marchar e o seu apito soava por toda a Praça de Luís de Camões. Muitos anos depois, os alunos vieram a entender que a disciplina e o treino físico veio beneficiá-los ao longo das suas vidas. O que é interessante é que a Dra. Leang era uma cristã devota, crente de uma religião diferente da religião da Reitora mas esta situação não criou nenhuma discordância entre elas. Acreditamos que isto só aconteceu porque ambas professavam o mesmo entusiasmo e um grande sentido de responsabilidade, preocupavam-se em orientar as pessoas para o bem e tomavam a educação dos jovens como um destino seu e, como tal, entendiam-se muito bem entre si.
Além de Leang Pek Ha, houve mais pessoas que ajudaram a Reitora Wu Jimeng a criar as escolas, uma era a sua prima, Dra. Wu Huiyi (?-1952 que faleceu com cerca de 50 anos) e a outra era a sua colega, Dra. Wang Weizhen (?-1958). Wu Huiyi estudou em Guangzhou e formou-se na Escola de Professores de Guangzhou, tendo tido sempre uma visão alargada do mundo e mesmo depois de vir para Macau envidou todos os esforços para ajudar a Escola Lai Kuan a desenvolver as suas acções escolares.

Imagens 21-22 Dra. Wu Huiyi
A Reitora Wu Jimeng e a Dra. Wu Huiyi

Wang Weizhen também se graduou na Escola de Professores de Guangzhou e foi uma das primeiras “heroínas” que contribuíram para o estabelecimento da Escola. Durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, sob a liderança da Reitora e destas figuras femininas, a Escola Lai Kuan apoiou activamente as actividades anti-guerra em Macau. A contribuição da Reitora Wu Jimeng para a educação de Macau e o esforço dos professores que ensinaram nesta Escola, durante um largo período de tempo, mereceram ser lembrados.

Imagem 23. A 3ª Senhora do lado esquerdo na primeira fila é Wang Weizhen e a 4ª é Wu Huiyi

Imagem 24 A Reitora Wu Jimeng e os Professores
Em 20 de Março de 1973, a Reitora Wu Jimeng faleceu por doença e Wu Yukun assumiu o cargo de administrador da Escola. Durante toda a sua vida a Reitora morou na Escola e todas as manhãs, depois de fazer as suas orações e a leitura de textos religiosos, ela descia as escadas e inspecionava a entrada dos alunos na Escola assim como as aulas. Todos os dias, os alunos vinham quatro vezes por dia à Escola e a Sra. Wu, sempre vestida com uma cabaia preta e cinzenta, ficava ao portão da Escola a ver os alunos entrar. Ela tinha um ar muito rigoroso e ninguém escapava ao seu olhar. A Reitora tinha uma figura pequena mas transmitia uma imagem grande e, após o seu falecimento, o Dr. Wu Yukun sucedeu-lhe nas suas competências. Ele testemunhava todos os dias a entrada dos alunos na Escola e após as aulas cuidava também dos alunos nas ruas. Dedicou-se inteiramente ao ensino e era um educador respeitado pela sociedade de Macau. Ambos os reitores preocuparam-se sempre com o futuro dos alunos, até com a entrada de excelentes alunos graduados noutros colégios, como foi o caso de Pui Tou, Sagrado Coração e Yuet Wah

Imagem 25 A Reitora Wu Jimeng e o Reitor Wu Yukun

Imagem 26 Alunos do Colégio de Yuet Wah
V. Encerramento: 78 anos de ensino
Em janeiro de 2001, a Escola Lai Kuan foi encerrada após funcionar por mais de três quartos de século. A falta de professores foi uma das razões principais. Devido à sua idade avançada, o Reitor Wu pediu que a Escola do Sudeste continuasse a explorar a Escola Lai Kuan. A sua filha Wu Xiuhui descreveu o seu pai como um perfeccionista: “ele tinha de fazer tudo pessoalmente e com a idade que tinha não podia acarretar por mais tempo esta tarefa”. Tudo tem um fim! Não foi fácil que Lai Kuan se mantivesse no sector da educação em Macau por tantos anos. Devido à falta de um planeamento social a longo prazo por parte do governo português de Macau de então e à falta de um sistema rigoroso de inspecção da educação, isso fez com que a educação financiada pelo governo não fosse suficiente para beneficiar toda as crianças o que levou à criação de um grande número de escolas privadas e de ensino autónomo. Macau no século XX devido, por um lado, à sua situação única e, por outro, devido a mudanças dos ambientes, viu várias vezes o número de residentes sofrer súbitos aumentos ou diminuições. Sob a premissa de que os recursos educacionais privados eram sempre escassos, a sobrevivência do mais competitivo não deixava espaço suficiente para outros e isso fez com que antes da década de 1980 mais de 200 escolas privadas de pequena dimensão tenham sido encerradas, mostrando o ambiente de intensa competição entre as escolas. Aquelas que sobreviveram à passagem do tempo e à própria evolução da sociedade foram as que eram administradas activamente e com um espírito de devoção à causa da educação, pois logo alcançavam a confiança dos pais para manter os seus filhos nessas escolas com princípios e valores. Sem financiamento oficial e sem o apoio da Igreja e das associações locais, e não tendo um comité de gestão escolar, mesmo assim a Escola Lai Kuan, entre as escolas privadas da década de 1920, conseguiu vingar na sociedade e ajudar as crianças de inúmeras famílias de Macau a receber uma boa educação para o seu futuro.
A gestão administrativa da escola da Reitora Wu Jimeng foi sempre elogiada. A Lai Kuan era uma escola de Macau que nunca usava recursos financeiros públicos. Era uma escola privada e independente que pôde manter seus custos escolares com as receitas vindas das taxas de matrícula, durante mais de meio século. Esta Escola manteve-se aberta por cerca de setenta a oitenta anos, coincidindo com a idade da Reitora Wu Jimeng
Referência:
Educação em Macau entre 1940 e 1950: Gestão das escolas privadas em Macau, Zheng Zhenwei, in Estudo de História da Educação, n.º2, 2016.
Direção de Inspeção e Reforma de Cursos de Ensino Superior, Estudo de Casos da Faculdade de Educação da Universidade de Macau.
Vestígios do Século: os Grandes Eventos de Educação em Macau do século XX, Lau Sin Peng, Macau: Associação de Publicações de Macau
Dicionário de Educação, Xangai: Editora de Educação de Xangai
História de Macau, Huang Hongzhao , Hongkong: Imprensa Comercial
Esboço da História de Macau, Huang Hongzhao, Fuzhou: Editora Popular de Fujian
Cronologia da História de Macau (Século XX), Beatriz Basto da Silva, tradução para chinês por Jin Guoping, Macau: Fundação Macau.
Nova História de Macau, Macau: Fundação Macau.
História da Educação em Macau, Lau Sin Peng, Macau: Associação de Publicações de Macau.
Colecção de Teses sobre a História da Educação em Macau, Zhang Weibao, Beijing: Editora da Academia Chinesa das Ciências Sociais
“Duas origens e o aroma espalha-se mais fresco e aromático” - Exposição de Fotos da História Educacional de Macau, Macau: Associação de Educação de Macau
Apresentação oral: Presidente Wu Yukun; Registo: Chan Wai I; Texto: Wu Shudian
Os nossos maiores agradecimentos à Sra. Wu Xiuhui, pois sem o seu apoio em nos dar todas as informações e fotografias não seria possível a realização deste trabalho.
東南學校
Data de atualização:2023/03/01
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